Relações humanas, problemas sociais, sentimentos, conflitos, soluções... Onde tem gente, tem assunto pra Psicologia!!! Está em todo lugar... ao nosso redor... Os conflitos humanos, os sentimentos, os porquês. Tudo é interesse da Psicologia. A vida humana é interesse da Psicologia
Porque as pessoas agem da forma como agem?
O Psicólogo se interessa por compreender o ser humano e seus movimentos para transformar. Transformar a vida individual, tranformar a sociedade. Para isso, estuda três aspectos fundamentais da constituição do ser humano: seus aspectos biológicos, seus aspectos individuais, compostos e traçados por sua história de vida pessoal, e os aspectos da cultura em que está inserido. Conhece para poder transformar, mudar o que gera conflitos, dor e as mazelas da humanidade. Conhecer torna-se então uma forma de poder, poder mudar, poder agir.
Diante disso, tem-se condições de levantar e compreender os fatores que influenciam e determinam o que uma pessoa faz, as decisões que toma, seu jeito de ser e até mesmo o que influencia e determina seus sentimentos. Quando conseguimos fazer uma análise pertinente desses fatores, conseguimos então alterá-los, mudar tais fatores, o que provavelmente acarretará numa mudança dos padrões de comportamento que estão gerando problemas em um dado contexto, seja ele qual for.
Com esse olhar, de transformação dos contextos para minizar os problemas, amenizar sentimentos negativos, otimizar sentimentos posivitos, práticas construtivas e acolhedoras é que a Psicologia se introduz e atua nos difentes espaços.
Atua na vida pessoal de cada um, a partir do atendimento clínico, onde aquele que está passando por conflitos e problemas busca acolhimento e auxilío para mudanças de problemas que geram sofrimentos. Diferente do que muitos pensam, a clínica psicológica é um local para pessoas sãs, tão sãs que se dão conta dos conflitos que vivem e da necessidade de mudanças de algumas práticas para gerar o alívio de sofrimentos e o provimento de maior harmonia e felicidade em suas vidas.
Atua no ambiente escolar, auxiliando na instalação de práticas mais efetivas da relação professor – aluno, mediando conflitos, auxiliando nas decisões da gestão escolar e no esclarecimento de suas implicações, orientado os adolecesntes na escolha profissional, os pais na rotina de estudo de seus filhos...
No ambiente organizacional, avaliando as ações propostas pela empresa, propondo estratégias de melhor rendimento dos funcionários com a diminuição de stress e desconforto para os mesmos. Treina e habilita o colaborador para o aprimoramento em sua função, auxilia na seleção do funcionário que oferece competências condizentes com as necessidades da empresa.
Atua no âmbito da Saúde, desenvolvendo estratégias de garantam conforto e qualidade de vida para convalecidos, favorece a adesão de pacientes a tratamentos dolorosos e aversivos, promove estratégias para prevenção das doenças. Quantos problemas de saúde são gerados por maus hábitos: obesidade, hipertensão, alguns tipos de câncer, doenças sexualmente transmissiveis, cirroses, lesões, entre outros...
Atua em instituições comunitárias: fortalecendo as comunidades na sua organização e coesão, engajando-se em ações que visem seu desenvolvimento, sustentabilidade e luta por melhorias das condições locais.
Atua na rede de proteção de crianças e adolescentes, junto a times desportivos, na área jurídica...
Enfim, a Psicologia atua. Busca a transformação dos espaços para propiciar maior qualidade de vida.
O OLHAR PSICO traz o mundo, os conflitos, as relações pelo olhar da Psicologia. O blog também visa trazer informações sobre as novidades da área, sites ou outros blogs interessantes, concursos, artigos...
O OLHAR PSICO é desenvolvido por professores e alunos do curso de Psicologia do Centro Universitário de Votuporanga – Unifev - com a proposta gerar o debate sobre esses assuntos entre os alunos do curso, bem como, propiciar o intercâmbio com outros saberes, abrindo-se assim, à conversa e ao debate com todo universo interessado nos nossos assuntos.
Sejam todos bem vindos...
Olhar Psico
domingo, 12 de setembro de 2010
A prática da Avaliação Psicológica
Por Fabiana Rego Freitas
Profa. M.Sc. de Técnicas em Exame Psicologia da UNIFEV
Normas, qualidade, segurança, informação, cuidado são algumas das palavras que devem fazer parte da atuação do profissional que atua no campo da Avaliação Psicológica, uma prática que é definida pela Lei 4119 de 27/08/62 como função privativa do psicólogo.
Durante a graduação em Psicologia, os alunos têm a possibilidade de aprender a utilizar testes psicológicos e fazer do uso desses instrumentos que podem ser usados em situações diversas e que completam e enriquecem uma avaliação psicológica, tais como: em orientações psico-educacionais, seleção de pessoal, avaliação da personalidade, prevenção e tratamento de distúrbios psicológicos, entre outros.
O aprendizado dos testes e a elaboração de documentos avaliativos envolvem uma série de etapas que, seguidas com rigor, tendem a fornecer resultados fidedignos. Essas etapas implicam numa gama de informações que devemos considerar para que façamos a escolha adequada do instrumento, tais como: é fundamental conhecer quais atributos os diferentes testes avaliam e estar familiarizado com os mesmos; não são permitidos o uso de materiais xerocados e, ainda, deve-se considerar a faixa-etária, o nível de escolaridade, as condições físicas gerais (se há presença de deficiências) do avaliado, entre outros. Além disso, devemos considerar as características psicométricas do instrumento a ser utilizado, ou seja, é um teste preciso? Há normas que garantem que seus resultados possam ser bem interpretados? É um instrumento que apresenta validade? Os parâmetros psicométricos do teste escolhido são padronizados para a amostra brasileira? São aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia?
Além do uso de testes, o profissional deve considerar outras informações que complementarão seus dados já que o processo da Avaliação Psicológica integra informações provenientes de diversas fontes, como testes, entrevistas, observações, análise de documentos.
Esses critérios determinam que nossa prática seja realizada com ética e competência e negligenciar isso é colocar em risco o avaliado e até mesmo a nossa prática profissional. Na verdade, mais do que critérios, são cuidados que garantem que a atuação no campo da Avaliação Psicológica continue sendo uma função privativa do psicólogo - profissional que tem como o foco principal o ser humano e por isso deve agir com respeito, seriedade e dignidade, mantendo a integridade de cada um.
Profa. M.Sc. de Técnicas em Exame Psicologia da UNIFEV
Normas, qualidade, segurança, informação, cuidado são algumas das palavras que devem fazer parte da atuação do profissional que atua no campo da Avaliação Psicológica, uma prática que é definida pela Lei 4119 de 27/08/62 como função privativa do psicólogo.
Durante a graduação em Psicologia, os alunos têm a possibilidade de aprender a utilizar testes psicológicos e fazer do uso desses instrumentos que podem ser usados em situações diversas e que completam e enriquecem uma avaliação psicológica, tais como: em orientações psico-educacionais, seleção de pessoal, avaliação da personalidade, prevenção e tratamento de distúrbios psicológicos, entre outros.
O aprendizado dos testes e a elaboração de documentos avaliativos envolvem uma série de etapas que, seguidas com rigor, tendem a fornecer resultados fidedignos. Essas etapas implicam numa gama de informações que devemos considerar para que façamos a escolha adequada do instrumento, tais como: é fundamental conhecer quais atributos os diferentes testes avaliam e estar familiarizado com os mesmos; não são permitidos o uso de materiais xerocados e, ainda, deve-se considerar a faixa-etária, o nível de escolaridade, as condições físicas gerais (se há presença de deficiências) do avaliado, entre outros. Além disso, devemos considerar as características psicométricas do instrumento a ser utilizado, ou seja, é um teste preciso? Há normas que garantem que seus resultados possam ser bem interpretados? É um instrumento que apresenta validade? Os parâmetros psicométricos do teste escolhido são padronizados para a amostra brasileira? São aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia?
Além do uso de testes, o profissional deve considerar outras informações que complementarão seus dados já que o processo da Avaliação Psicológica integra informações provenientes de diversas fontes, como testes, entrevistas, observações, análise de documentos.
Esses critérios determinam que nossa prática seja realizada com ética e competência e negligenciar isso é colocar em risco o avaliado e até mesmo a nossa prática profissional. Na verdade, mais do que critérios, são cuidados que garantem que a atuação no campo da Avaliação Psicológica continue sendo uma função privativa do psicólogo - profissional que tem como o foco principal o ser humano e por isso deve agir com respeito, seriedade e dignidade, mantendo a integridade de cada um.
Psicologia Organizacional e do Trabalho
Por Adriana Botelho
Profa. M.Sc. da Área de Psicologia Organizacional da UNIFEV
Vivemos, em todos os domínios da esfera socioeconômica, uma época de transição, a qual tem provocado transformações profundas nas formas e nas práticas organizacionais. (Nogueira, 2004). Trabalhadores passam o seu dia em organizações, esse dia-a-dia é repleto de demandas, desafios expectativas, tensões, realizações, alegrias, sofrimentos, que se interligam dentro e fora das organizações. As pessoas perdem o emprego e, muitas vezes perdem a possibilidade de trabalhar. Há algo que mais afete mais fortemente a vida de um indivíduo e da sua família? (Zanelli e Bastos, 2004)
Profa. M.Sc. da Área de Psicologia Organizacional da UNIFEV
Vivemos, em todos os domínios da esfera socioeconômica, uma época de transição, a qual tem provocado transformações profundas nas formas e nas práticas organizacionais. (Nogueira, 2004). Trabalhadores passam o seu dia em organizações, esse dia-a-dia é repleto de demandas, desafios expectativas, tensões, realizações, alegrias, sofrimentos, que se interligam dentro e fora das organizações. As pessoas perdem o emprego e, muitas vezes perdem a possibilidade de trabalhar. Há algo que mais afete mais fortemente a vida de um indivíduo e da sua família? (Zanelli e Bastos, 2004)
Estes fatos já justificaria a inserção do psicólogo em organizações e a contribuição que a Psicologia pode dar as Organizações e ao Trabalho. Atenta a este contexto, a Psicologia do Trabalho e das Organizações tem procurado compreender e explicar as novas realidades organizacionais, construindo novos modelos conceituais e de intervenção.
Esta área já foi chamada de “Lobo mau da Psicologia”, sendo criticada em 1984, num texto clássico, Codo mostrava que o psicólogo dedicado a atuar junto ao mundo do trabalho era considerado por muitos dos demais profissionais da Psicologia como uma espécie de "lobo mau" da profissão: (...) “quanto mais cresce a importância da indústria na sociedade contemporânea, mais crescem as críticas que a Psicologia, principalmente no âmbito acadêmico, faz à atuação do psicólogo na indústria” (1984, p. 195).
Atualmente é definida como um campo de aplicação dos conhecimentos oriundos da ciência psicológica a questões relacionadas ao trabalho humano, com vistas a promover a saúde do trabalhador e sua satisfação em relação ao trabalho. Com o objetivo de explorar, analisar e compreender como interagem as múltiplas dimensões que caracterizam a vida das pessoas, dos grupos e das organizações, em um mundo crescentemente complexo e em transformação,tem construido estratégias e procedimentos que possam promover, preservar e restabelecer a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.
“A denominação Psicologia Organizacional e do Trabalho, mais largamente utilizada em alguns países europeus, parece apropriada porque traz a idéia tanto dos fatores contextuais imediatos do trabalho como das características organizacionais que exercem influência sobre o comportamento do trabalhador.” (Zanelli, 1994).
Profissional que trabalha nesta área atua individualmente ou em equipe multiprofissional, onde quer que se dêem as relações de trabalho nas organizações sociais formais ou informais, visando a aplicação do conhecimento da Psicologia para a compreensão, intervenção e desenvolvimento das relações e dos processos intra e interpessoais, intra e intergrupais e suas articulações com as dimensões política, econômica, social e cultural.
Principais atividades do Psicólogo Organizacional e do Trabalho
• Seleção e Colocação de Pessoal
(Perfil psicográfico, aplicação de testes psicológicos e técnicas vivenciais...)
• Planejamento de gestão de pessoas
(Pesquisa de cultura,de clima organizacional e satisfação do trabalhador, aconselhamento na movimentação de pessoal, estudos sobre Qualidade de Vida no Trabalho,...)
• Treinamento de Pessoal
(Levantamento de necessidades e planejamento de treinamento,mensuração de resultados, coordenação de treinamento,...)
• Desenvolvimento de Pessoas
( laboração e manutenção de planos de carreiras, participação em programas de desenvolvimento gerencial e interpessoal,...)
• Avaliação de Desempenho
( elaboração de tecnologia do programa, análise de resultados específicos para programas afins, análise de potencial )
• Plano de Cargos e salários
( análise organizacional para esse fim, descrição e análise de cargos, avaliação e atualização periódica do plano implantado,...)
• Condições de Trabalho
( participação em equipe multidisciplinar de intervenção ergonômica e prevenção de acidentes no trabalho, identificação de aspectos psicossociais ligados à segurança no trabalho,...)
• Mudança e Análise das Organizações
(diagnósticos psicossociais, intervenção para mudança organizacional e implantação de programas como ampliação e enriquecimento do trabalho em equipe multidisciplinar,...)
• Ensino e Pesquisa
( Ensino em curso superior e Pós-graduação de Psicologia - desde que com grau para tal -, realização de pesquisas em áreas ligadas à Psicologia Organizacional e do Trabalho,...)
• Saúde Mental no Trabalho
( estudos epidemiológicos sobre saúde mental no trabalho, implantação e gestão de programas preventivos, programas de preparação para aposentadoria, estudos sobre estresse ocupacional,...)
Outra tendencia atual é a ampliação do reconhecimento de que a pesquisa é uma prática indispensável para fundamentar as intervenções organizacionais. Além de propiciarem o conhecimento da realidade, funcionam como estratégias de participação dos empregados.
Hoje os psicólogos organizacionais e do trabalho atuam como Consultores e têm aumentado sua inserção em Saúde do Trabalhador .
O desafio atual é formar profissionais competentes para atender as exigências atuais da profissão, que requer inovação, criatividade e conhecimentos genéricos e especializados. Sampaio refere que a “a formação integral do psicólogo do trabalho (...) é fundamental para a constituição de uma prática capaz de lidar com problemas emergentes das mudanças nas relações entre o capital e o trabalho, impostas pela nova conjuntura econômico-social.” ( 1998, p. 35).
Referências
GOMES, A. D.. (et al.) Organizações em Transição. Contributo da Psicologia do Trabalho e das Organizações. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2000.
NOGUEIRA, E. E. S. Psicologia e Trabalho: O Estado da Arte e Contribuições para as Organizações. 2004. RAE • vol. 44, nº 4.
ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A.V. B. (orgs.) Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004
TOMANIK, Eduardo A.. Para onde andará o "lobo mau" da psicologia?. Psicol. estud., Maringá, v. 8, n. 2, Dec. 2003 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722003000200018&lng=en&nrm=iso>. access on 22 Apr. 2010. doi: 10.1590/S1413-73722003000200018.
ANSIEDADE
Por Selma Conceição Poltronieri
Prof. Dra. Psicologia da UNIFEV
A ansiedade é um estado emocional qualificado subjetivamente como desagradável, acompanhado por sentimentos de apreensão, insegurança e um conjunto de alterações comportamentais, neurovegetativas e hormonais. Do ponto de vista comportamental, o indivíduo pode apresentar temores exagerados, irritabilidade e inquietação, conjuntamente com dificuldades de concentração e perturbações do sono. Correlatos neurovegetativos da ansiedade incluem hiperatividade autonômica, aumento da tensão muscular e hiperventilação. No campo das alterações hormonais, tem sido observado aumento dos níveis do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) no sangue, resultando na liberação de corticóides adrenais, bem como aumentos na liberação de prolactina e hormônio do crescimento.
Etimologicamente, a palavra ansiedade provém do termo grego Anshein, que significa estrangular, sufocar, oprimir. Na antiguidade, bem como durante a Idade Média, a ansiedade raramente era considerada como doença, embora sua experiência subjetiva fosse sempre associada a sintomas corporais
No início do século XX, Sigmund Freud estabeleceu o conceito de neurose, separando a “neurose de angústia” da “neurastenia”, enfatizando que os sintomas das neuroses seriam derivações da libido para as esferas motoras (agitação), intelectual (ruminações e obssessões) e afetiva (descargas ansiosas). Naquela época, Freud já acreditava que esses quadros possuíssem base biológica e que dependiam de um limiar para sua deflagração, não sendo portanto, abordáveis pela Psicanálise. Embora houvesse grande difusão dos conceitos psicanalíticos com relação ao conceito de ansiedade no início de século XX, nas últimas décadas o desenvolvimento da Psiquiatria obteve importantes contribuições das Neurociências, da Etologia e, principalmente da Psicofarmacologia com a introdução de novos fármacos no tratamento de pacientes com distúrbios psiquiátricos.
Atualmente, a Psiquiatria passou a assimilar conceitos biológicos, interpretando os distúrbios psiquiátricos como desvios de comportamentos evolutivamente adaptativos, que são compartilhados por espécies filogeneticamente relacionados. Assim, a ansiedade passou a ser relacionada com as manifestações de medo, no sentido de que ambos podem ser entendidos como originários das reações de defesa dos animais, em resposta a perigos encontrados em seu meio ambiente.
domingo, 5 de setembro de 2010
AO MEU TERAPEUTA, COM CARINHO
Por Priscila F. C. Kanamota
Prof. de Psicologia Clínica
Em 2006, movida por indagações pessoais e pelos conselhos dos professores da faculdade de que todo estudante de psicologia deveria fazer terapia, resolvi experimentar. A princípio achei que seria moleza! Afinal, eu, psicóloga, formada, já havia atendido algumas pessoas em consultório, sabia dos efeitos da terapia na vida das pessoas, com certeza, imaginava eu, iria tirar de letra.
Foi então que, por indicação de uma grande amiga, escolhi meu terapeuta. Um jovem senhor, muito dócil, experiente, admirado do meio acadêmico por seu empenho em pesquisa e pela forma como ministrava aulas. Ah! Por que ele também era professor, além de clínico. E lá estava eu!
O consultório ficava no segundo andar de um sobrado, numa sala muito aconchegante e com vista para um lago. Porém, sensação de sentar no banco da frente, na poltrona dos clientes, o lugar de onde parte os mais diferentes problemas foi horrível.
Não sabia o que falar e nem se deveria falar, se ele entenderia que apesar das minhas faltas eu também tinha qualidades e potencialidades para continuar sendo merecedora de sentar na outra poltrona. Pela primeira vez senti o gosto amargo de pensar que a pessoa de quem todos falam que pode nos ajudar, senhor Psicólogo, é um ser estranho a quem o diploma concedeu o direito de saber tudo, ou quase tudo da nossa intimidade.
Após algumas sessões, falando frivolidades e expressando problemas dos quais eu sabia que se eu não resolvesse também nada muito significativo aconteceria, me deparei com a composição de Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Carlinhos Brown – Infinito Particular.
Era isso! Tava ali, a porta que precisava. A carta de recomendação que meu terapeuta deveria ler e reler antes de tentar adentrar no meu mundinho. “Eis o melhor e o pior de mim” - Isso ele deveria saber! Que por mais que eu expusesse coisas socialmente tidas como ruim, que não me julgasse só por isso, porque eu também tinha um outro lado! Poxa vida! E meu esforço para ser gente? Não ia contar?
Foi meu primeiro contato racional com o poder do reforço social! A necessidade de aprovação que impede que façamos ou falemos coisas por medo do julgamento dos outros. O que ele vai pensar de mim? E se um dia for meu professor? Será que, como colega de profissão, me encaminharia algum cliente depois de ouvir isso?
Eu sabia que não seria facil falar, por isso precisaria muito da ajuda dele! “Eu não sou difícil de ler, faça sua parte” “É só mistério, não tem segredo... Vem cara, me repara, sou porta bandeira de mim”.
Às vezes, nós, clientes, achamos que a coisa é simples, que está na cara, basta o outro se esforçar um pouco para compreender. Em outros momentos, nossos sentimentos e pensamentos estão tão nebulosos a nós mesmos que achamos que o outro jamais nos entenderá, porque nem mesmo a gente se entende. Gosto muito de citar Skinner (1974) quando ele fala sobre o processo de autoconhecimento, “(...) autoconhecimento tem um valor especial para o indivíduo. Uma pessoa que ‘se tornou consciente de si mesma’ por meio de perguntas que lhe foram feitas está em melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento.”
Acredito que aí está a grandiosidade da terapia, servir como uma comunidade verbal que propicie ao cliente um maior autoconhecimento e, conseqüentemente, a um manejo mais eficaz das múltiplas variáveis ou circunstâncias que influenciam sua vida. O terapeuta enquanto comunidade verbal do cliente poderá promover contingências na própria relação terapêutica que eleve o cliente a observar tanto as conseqüências conflitantes produzidas por seus comportamentos quanto as variáveis que, ao serem manipuladas diminuem a probabilidade de emitir tal comportamento. Para isso, precisa aprender a observar, pois no fundo, o cliente é “porta bandeira” dele mesmo. As ações em sessão, ou como Kolemberg diria “os comportamentos clinicamente relevantes” vão aparecer, e estar atento esses comportamentos, mesmo que sutis, é o que permitirá iniciar o processo de modelagem.
Meu terapeuta fez, sem dúvida, a lição de casa! Cosntruimos juntos que a beleza da vida está em se tornar humano (com falhas e acertos). Afinal, o que sabemos sobre nós, como nos sentimos, o que pensamos; só é possível através do outro, de como os outros nos vêem. O que temos de mais pessoal é construído socialmente e isso é extremamente importante porque garante uma similitude tal para que haja comunicação, história, sociedade e cultura.
Citando Skinner (1991) novamente, “a terapia bem sucedida constrói comportamentos fortes, removendo reforçadores negativos desnecessários e multiplicando os positivos. Independentemente de as pessoas que tiveram seus comportamentos fortalecidos dessa maneira viverem ou não mais do que os outros, ao menos se pode dizer que vivem bem.”
Hoje, a cada cliente que recebo, a cada pessoa que busca na terapia uma forma de se conhecer e lidar com seu infinito particular, penso na última estrofe da música, “Só não se perca ao entrar no meu infinito particular”. Pra isso estudo, analiso, respeito e busco modelos de excelência, como o meu terapeuta.
O USO DO LABORATÓRIO ANIMAL NA PSICOLOGIA
Por Paola Bisaccioni
Os estudos de psicologia realizados no laboratório com animais causam, de início, estranhamento e depois curiosidade na maioria das pessoas. Isso ocorre tanto com os alunos do curso como com quem está fora da faculdade.
A primeira dúvida que surge é: por que estudar animais se a psicologia se preocupa com os problemas dos seres humanos? Essa dúvida se deve à concepção de homem de nossa cultura. Aprendemos, desde muito cedo, que o ser humano é completamente diferente dos demais seres vivos e que somos superiores a eles por possuirmos uma mente (ou alma). Entretanto, desde as descobertas de Darwin, as semelhanças que possuímos é que têm sido destacadas e tem-se reconhecido que os animais e os seres humanos compartilham características fisiológicas e comportamentais. Com isso, tornou-se possível a utilização de animais em pesquisas para que possamos entender melhor os homens.
Outra dúvida comum é: como estudar animais na psicologia já que não se pode conversar com eles?! Essa dúvida surge porque o papel do psicólogo ainda está muito ligado à sua atuação clínica e há pouco conhecimento do papel de pesquisador que esse profissional também pode assumir. De fato, o que as pessoas relatam sobre elas é de fundamental importância para o psicólogo, mas podemos também fazer psicologia observando o comportamento! E isso pode ser feito com animais.
O que move o psicólogo-pesquisador é a pergunta “Por quê?”, como por exemplo: por que as pessoas se comportam de determinadas formas? No nosso cotidiano também frequentemente nos perguntamos o porquê das coisas, mas o que difere o pesquisador das outras pessoas é a forma pela qual ele vai buscar as respostas de suas perguntas. Uma importante maneira de buscar respostas é realizando experimentos no laboratório.
O uso do laboratório também causa certa estranheza porque ele parece ter pouco em comum com a nossa vida cotidiana, aparentando ser muito artificial. No entanto, um contato maior com as pesquisas e sua aplicação nos permite reconhecer que o que acontece no laboratório também se reproduz fora dele. Muitas vezes é necessário simplificar situações complexas para que elas possam ser estudadas, mas nem por isso o que é encontrado deixa de representar uma parcela da realidade. Para termos certeza das conclusões obtidas, precisamos isolar as condições que de fato influenciam o que estamos investigamos daquelas condições que não o influenciam, tarefa muito difícil de ser realizada fora do laboratório. Para descobrir essas relações, realizamos uma série de experimentos que nos permitem testar essas condições, uma a uma.
Assim, o uso do laboratório animal na psicologia nos permite um controle privilegiado das condições que afetam nosso fenômeno de interesse e, como consequência, favorece a descoberta de relações confiáveis de causa e efeito e de leis gerais dos comportamentos (humanos e animais). Muitas explicações que temos hoje na psicologia só se tornaram possíveis com o estudo de animais no laboratório. Por fim, é possível afirmar que o uso do laboratório animal nos ajuda (e muito!) a entender os comportamentos humanos e por isso faz parte do campo de conhecimento da psicologia.
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