Por Selma Conceição Poltronieri
Prof. Dra. Psicologia da UNIFEV
A ansiedade é um estado emocional qualificado subjetivamente como desagradável, acompanhado por sentimentos de apreensão, insegurança e um conjunto de alterações comportamentais, neurovegetativas e hormonais. Do ponto de vista comportamental, o indivíduo pode apresentar temores exagerados, irritabilidade e inquietação, conjuntamente com dificuldades de concentração e perturbações do sono. Correlatos neurovegetativos da ansiedade incluem hiperatividade autonômica, aumento da tensão muscular e hiperventilação. No campo das alterações hormonais, tem sido observado aumento dos níveis do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) no sangue, resultando na liberação de corticóides adrenais, bem como aumentos na liberação de prolactina e hormônio do crescimento.
Etimologicamente, a palavra ansiedade provém do termo grego Anshein, que significa estrangular, sufocar, oprimir. Na antiguidade, bem como durante a Idade Média, a ansiedade raramente era considerada como doença, embora sua experiência subjetiva fosse sempre associada a sintomas corporais
No início do século XX, Sigmund Freud estabeleceu o conceito de neurose, separando a “neurose de angústia” da “neurastenia”, enfatizando que os sintomas das neuroses seriam derivações da libido para as esferas motoras (agitação), intelectual (ruminações e obssessões) e afetiva (descargas ansiosas). Naquela época, Freud já acreditava que esses quadros possuíssem base biológica e que dependiam de um limiar para sua deflagração, não sendo portanto, abordáveis pela Psicanálise. Embora houvesse grande difusão dos conceitos psicanalíticos com relação ao conceito de ansiedade no início de século XX, nas últimas décadas o desenvolvimento da Psiquiatria obteve importantes contribuições das Neurociências, da Etologia e, principalmente da Psicofarmacologia com a introdução de novos fármacos no tratamento de pacientes com distúrbios psiquiátricos.
Atualmente, a Psiquiatria passou a assimilar conceitos biológicos, interpretando os distúrbios psiquiátricos como desvios de comportamentos evolutivamente adaptativos, que são compartilhados por espécies filogeneticamente relacionados. Assim, a ansiedade passou a ser relacionada com as manifestações de medo, no sentido de que ambos podem ser entendidos como originários das reações de defesa dos animais, em resposta a perigos encontrados em seu meio ambiente.
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