Por Adriana Botelho
Profa. M.Sc. da Área de Psicologia Organizacional da UNIFEV
Vivemos, em todos os domínios da esfera socioeconômica, uma época de transição, a qual tem provocado transformações profundas nas formas e nas práticas organizacionais. (Nogueira, 2004). Trabalhadores passam o seu dia em organizações, esse dia-a-dia é repleto de demandas, desafios expectativas, tensões, realizações, alegrias, sofrimentos, que se interligam dentro e fora das organizações. As pessoas perdem o emprego e, muitas vezes perdem a possibilidade de trabalhar. Há algo que mais afete mais fortemente a vida de um indivíduo e da sua família? (Zanelli e Bastos, 2004)
Profa. M.Sc. da Área de Psicologia Organizacional da UNIFEV
Vivemos, em todos os domínios da esfera socioeconômica, uma época de transição, a qual tem provocado transformações profundas nas formas e nas práticas organizacionais. (Nogueira, 2004). Trabalhadores passam o seu dia em organizações, esse dia-a-dia é repleto de demandas, desafios expectativas, tensões, realizações, alegrias, sofrimentos, que se interligam dentro e fora das organizações. As pessoas perdem o emprego e, muitas vezes perdem a possibilidade de trabalhar. Há algo que mais afete mais fortemente a vida de um indivíduo e da sua família? (Zanelli e Bastos, 2004)
Estes fatos já justificaria a inserção do psicólogo em organizações e a contribuição que a Psicologia pode dar as Organizações e ao Trabalho. Atenta a este contexto, a Psicologia do Trabalho e das Organizações tem procurado compreender e explicar as novas realidades organizacionais, construindo novos modelos conceituais e de intervenção.
Esta área já foi chamada de “Lobo mau da Psicologia”, sendo criticada em 1984, num texto clássico, Codo mostrava que o psicólogo dedicado a atuar junto ao mundo do trabalho era considerado por muitos dos demais profissionais da Psicologia como uma espécie de "lobo mau" da profissão: (...) “quanto mais cresce a importância da indústria na sociedade contemporânea, mais crescem as críticas que a Psicologia, principalmente no âmbito acadêmico, faz à atuação do psicólogo na indústria” (1984, p. 195).
Atualmente é definida como um campo de aplicação dos conhecimentos oriundos da ciência psicológica a questões relacionadas ao trabalho humano, com vistas a promover a saúde do trabalhador e sua satisfação em relação ao trabalho. Com o objetivo de explorar, analisar e compreender como interagem as múltiplas dimensões que caracterizam a vida das pessoas, dos grupos e das organizações, em um mundo crescentemente complexo e em transformação,tem construido estratégias e procedimentos que possam promover, preservar e restabelecer a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.
“A denominação Psicologia Organizacional e do Trabalho, mais largamente utilizada em alguns países europeus, parece apropriada porque traz a idéia tanto dos fatores contextuais imediatos do trabalho como das características organizacionais que exercem influência sobre o comportamento do trabalhador.” (Zanelli, 1994).
Profissional que trabalha nesta área atua individualmente ou em equipe multiprofissional, onde quer que se dêem as relações de trabalho nas organizações sociais formais ou informais, visando a aplicação do conhecimento da Psicologia para a compreensão, intervenção e desenvolvimento das relações e dos processos intra e interpessoais, intra e intergrupais e suas articulações com as dimensões política, econômica, social e cultural.
Principais atividades do Psicólogo Organizacional e do Trabalho
• Seleção e Colocação de Pessoal
(Perfil psicográfico, aplicação de testes psicológicos e técnicas vivenciais...)
• Planejamento de gestão de pessoas
(Pesquisa de cultura,de clima organizacional e satisfação do trabalhador, aconselhamento na movimentação de pessoal, estudos sobre Qualidade de Vida no Trabalho,...)
• Treinamento de Pessoal
(Levantamento de necessidades e planejamento de treinamento,mensuração de resultados, coordenação de treinamento,...)
• Desenvolvimento de Pessoas
( laboração e manutenção de planos de carreiras, participação em programas de desenvolvimento gerencial e interpessoal,...)
• Avaliação de Desempenho
( elaboração de tecnologia do programa, análise de resultados específicos para programas afins, análise de potencial )
• Plano de Cargos e salários
( análise organizacional para esse fim, descrição e análise de cargos, avaliação e atualização periódica do plano implantado,...)
• Condições de Trabalho
( participação em equipe multidisciplinar de intervenção ergonômica e prevenção de acidentes no trabalho, identificação de aspectos psicossociais ligados à segurança no trabalho,...)
• Mudança e Análise das Organizações
(diagnósticos psicossociais, intervenção para mudança organizacional e implantação de programas como ampliação e enriquecimento do trabalho em equipe multidisciplinar,...)
• Ensino e Pesquisa
( Ensino em curso superior e Pós-graduação de Psicologia - desde que com grau para tal -, realização de pesquisas em áreas ligadas à Psicologia Organizacional e do Trabalho,...)
• Saúde Mental no Trabalho
( estudos epidemiológicos sobre saúde mental no trabalho, implantação e gestão de programas preventivos, programas de preparação para aposentadoria, estudos sobre estresse ocupacional,...)
Outra tendencia atual é a ampliação do reconhecimento de que a pesquisa é uma prática indispensável para fundamentar as intervenções organizacionais. Além de propiciarem o conhecimento da realidade, funcionam como estratégias de participação dos empregados.
Hoje os psicólogos organizacionais e do trabalho atuam como Consultores e têm aumentado sua inserção em Saúde do Trabalhador .
O desafio atual é formar profissionais competentes para atender as exigências atuais da profissão, que requer inovação, criatividade e conhecimentos genéricos e especializados. Sampaio refere que a “a formação integral do psicólogo do trabalho (...) é fundamental para a constituição de uma prática capaz de lidar com problemas emergentes das mudanças nas relações entre o capital e o trabalho, impostas pela nova conjuntura econômico-social.” ( 1998, p. 35).
Referências
GOMES, A. D.. (et al.) Organizações em Transição. Contributo da Psicologia do Trabalho e das Organizações. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2000.
NOGUEIRA, E. E. S. Psicologia e Trabalho: O Estado da Arte e Contribuições para as Organizações. 2004. RAE • vol. 44, nº 4.
ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A.V. B. (orgs.) Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004
TOMANIK, Eduardo A.. Para onde andará o "lobo mau" da psicologia?. Psicol. estud., Maringá, v. 8, n. 2, Dec. 2003 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722003000200018&lng=en&nrm=iso>. access on 22 Apr. 2010. doi: 10.1590/S1413-73722003000200018.
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